terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Julieta (DL2012)

Livro: Julieta (Anne Fortier). Ed. Arqueiro, 2010. 448 páginas.

Sinopse: “Julie Jacobs e sua irmã gêmea, Janice, nasceram em Siena, na Itália, mas desde os 3 anos foram criadas nos Estados Unidos por sua tia-avó Rose, que as adotou depois de seus pais morrerem num acidente de carro. Passados mais de 20 anos, a morte de Rose transforma completamente a vida de Julie. Enquanto sua irmã herda a casa da tia, para ela restam apenas uma carta e uma revelação surpreendente: seu verdadeiro nome é Giulietta Tolomei. A carta diz que sua mãe havia descoberto um tesouro familiar, na Itália, muito antigo e misterioso. Então, Julie parte para Siena.”

Resenha: O livro é uma ótima pedida para quem gosta de aventura, ação, suspense, romance, História. Por possuir todos esses elementos, e por caprichar na dose de romantismo, foi chamado de “‘O Código Da Vinci’ para mulheres inteligentes e modernas”.

A autora se utilizou da história de Romeu e Julieta, de Shakespeare, e a reescreveu com algumas semelhanças e diferenças. E, embora seja uma obra de ficção, se baseia em fatos históricos. De acordo com pesquisas, o romance proibido dos jovens teria sido ambientado em Siena (e não em Verona), onde famílias rivais se enfrentaram durante toda a Idade Média. Outros acontecimentos verídicos integram o livro, como os milagres de Santa Catarina e a Peste Negra de 1348.

O início do livro é um pouco parado, mas por volta da página 100 as aventuras começam e não param mais. A leitura passa a ser viciante, cheia de reviravoltas. Sempre que eu pensava que já ter sacado tudo, vinha um parágrafo e mudava o panorama, revelando segredos surpreendentes dos personagens.

Assim como “Marina”, “Julieta” conta duas tramas intercaladamente: uma na Siena do presente, outra na Siena medieval do século XIV. Ambas são protagonizadas por heroínas com o mesmo nome, Giulietta Tolomei.

A Giulietta Tolomei medieval é astuciosa e encantadora. Luta para escapar das mãos do cruel Messer Salimbeni, desejando ficar com o seu amor, Romeo Marescotti. O pintor Maestro Ambrogio e o religioso Frei Lorenzo procuram lhe ajudar nessa empreitada.

Já a Giulietta Tolomei dos dias atuais, que pensava se chamar Julie Jacobs, é bem diferente. Um tanto insegura, porém bem inteligente, tenta resolver o mistério envolvendo sua família e um suposto tesouro. Seu caminho cruza com o de outras pessoas, como a sua irmã gêmea Janice, o mordomo da família Umberto, a condessa Eva Maria, o capitão Alessandro Santini, o pintor Maestro Lippi. E todos ora lhe parecem aliados, ora inimigos.

As descrições das duas versões de Siena, do passado e do presente, são fascinantes. Mostram que a autora se valeu de pesquisas sérias e minuciosas. Eu já tive a oportunidade de conhecer a cidade, na minha lua-de-mel. Assim, durante a leitura, me vi revisitando monumentos, praças e ruelas. Fiquei ainda mais encantada pela Piazza del Campo, palco das corridas de cavalos conhecidas como Palio.

Em suma, “Julieta” é um daqueles livros instigantes e deliciosos, que deixam saudades quando chegamos ao fim. Simplesmente apaixonante!

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Marina (DL2012)

Livro: Marina (Carlos Ruiz Zafón). Ed. Objetiva, 2011. 189 páginas.

Sinopse: “Neste livro, Zafón constrói um suspense envolvente em que Barcelona é a cidade-personagem, por onde o estudante de internato Óscar Drai, de 15 anos, passa todo o seu tempo livre, andando pelas ruas e se encantando com a arquitetura de seus casarões. É um desses antigos casarões aparentemente abandonados que chama a atenção de Oscar, o que o leva a conhecer Marina, a jovem de olhos cinzentos que o leva a um cemitério, onde uma mulher coberta por um manto negro visita uma sepultura sem nome, sempre à mesma data, à mesma hora.”

Resenha: Eu já conhecia o autor, Carlos Ruiz Zafón, de outros dois livros apaixonantes que li há alguns anos: “A Sombra do Vento” e “O Jogo do Anjo”. “Marina” foi o terceiro que chegou às minhas mãos. Como me tornei fã do autor, eu estava ansiosa para ler “Marina” desde o ano passado, quando chegou às livrarias. Então, ao escolher os livros para o Desafio Literário, vi com alegria que ele se encaixava no critério de fevereiro e finalmente o comprei.

Na verdade, “Marina” foi escrito primeiro por Zafón, em 1999, mas lançado no Brasil por último. Já seus outros livros, “A Sombra do Vento” (escrito em 2001) e “O Jogo do Anjo” (escrito em 2008) possuem certa conexão, com personagens em comum a ambos. Por isso é interessante lê-los na sequência, e deixar “Marina” por último (ou, se a pessoa ainda não leu nenhum livro de Zafón, pode seguir a ordem cronológica da criação do autor, e ler “Marina” em primeiro lugar).

Os três têm em comum o tom gótico, o suspense, as pitadas de romance e a misteriosa Barcelona de pano de fundo. “Marina” parece que foi um ensaio para a obra-prima “A Sombra do Vento”, que seria escrita pouco tempo depois. Apesar de ser dirigido ao público infanto-juvenil, consegue agradar a todos. Nas palavras de Zafón, ele tentou escrever um romance “que gostaria de ter lido na infância, mas que também continuaria a me interessar aos 23, 40 ou 43 anos de idade” (Nota do Autor). E ele conseguiu.

Os protagonistas são Óscar e Marina, dois adolescentes solitários. Ele vive num internato e praticamente não tem contato com a família. Ela vive num casarão meio abandonado com o pai Gérman (e o gato Kafka) e não tem amigos. Eles se conhecem, e rapidamente surge um misto de amizade e primeiro amor. Marina leva Óscar a um cemitério, onde observam uma mulher de véu negro que visita um túmulo sem nome. Resolvem segui-la e a partir daí vivem uma aventura e tanto...

O livro conta duas tramas que se entrelaçam: uma no presente melancólico dos adolescentes, outra no passado misterioso que investigam. Contar duas histórias simultaneamente parece ser outra marca registrada do autor. Quando pensei que me aborreceria com algumas passagens, que são bem surreais, lembrei de uma das frases mais importantes do livro: “Às vezes, as coisas mais reais só acontecem na imaginação. A gente só se lembra do que nunca aconteceu.”

A narração é quase inteira em primeira pessoa. Assim, vemos os acontecimentos pelos olhos adolescentes de Óscar, com seus sentimentos, medos e emoções. Marina é um completo mistério para ele e, portanto, para nós também.

Uma das poucas passagens em que conhecemos melhor Marina começa assim: “Meu amigo Óscar é um desses príncipes sem reino que andam por aí esperando que você o beije para se transformar em sapo. Entende tudo ao contrário, acho que é por isso que gosto tanto dele: as pessoas que acham que entendem tudo direito acabam fazendo tudo às avessas, e isso, vindo de alguém que vive metendo os pés pelas mãos, é muita coisa. Ele olha para mim e pensa que não estou vendo. Imagina que vou evaporar se ele me tocar e que, se não me tocar, quem vai evaporar é ele. Óscar me colocou num pedestal tão alto que não sabe mais como subir.” É um dos meus trechos favoritos.

Enfim, “A Sombra do Vento” ainda é o meu preferido do autor, mas “Marina” é bem interessante. Prende a atenção, emociona. Vale a leitura!

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